O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, durante um painel da CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora) na Argentina, que seu pai, Jair Bolsonaro, segue sendo o “plano A” do partido para as eleições presidenciais de 2026. No entanto, Eduardo se posicionou como uma alternativa, caso o ex-presidente permaneça inelegível até 2030. “Não sou pré-candidato ao Planalto, mas estou à disposição como plano B”, disse o parlamentar.
A fala contraria declarações anteriores do senador Flávio Bolsonaro e de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Enquanto Flávio reforçou que “o plano A é Jair Bolsonaro e o plano B também”, Valdemar sinalizou preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como uma aposta mais viável no cenário eleitoral de 2026.
Cenário atual de Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro enfrenta uma série de barreiras legais que podem comprometer sua participação nas eleições de 2026. Atualmente, o ex-presidente está inelegível até 2030, após condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Ele também é alvo de três indiciamentos pela Polícia Federal, que incluem casos como a fraude no cartão de vacinação, as investigações sobre joias recebidas do exterior e sua suposta ligação com uma tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Além disso, a tramitação da chamada “Lei da Anistia”, que poderia beneficiar Bolsonaro e outros bolsonaristas presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro, está parada no Congresso. O atentado à bomba contra o STF, em novembro, e os desdobramentos do inquérito da Polícia Federal sobre as tentativas de ruptura institucional têm dificultado o avanço dessa pauta.
Comparação com 2018
Aliados de Bolsonaro avaliam uma estratégia semelhante à usada pelo PT nas eleições de 2018. Na ocasião, mesmo inelegível, Lula foi lançado como cabeça de chapa até ser barrado pela Justiça Eleitoral. A vaga foi então ocupada por Fernando Haddad, que acabou derrotado por Bolsonaro no segundo turno.
Eduardo Bolsonaro defendeu a possibilidade de anistia ao pai como uma medida para “pacificar o país”. O próprio Jair Bolsonaro reforçou o apelo, dizendo que “não há democracia plena enquanto brasileiros estiverem presos”.
O futuro do PL
Enquanto o ex-presidente ainda é visto como a principal liderança do partido, o PL considera outras opções para 2026. A eventual migração de Tarcísio de Freitas para a legenda é uma das apostas mais comentadas nos bastidores. Em entrevistas, Valdemar Costa Neto deixou claro que, se Bolsonaro não for viável eleitoralmente, Tarcísio seria a “primeira escolha” para liderar a sigla na corrida presidencial.
Apesar disso, Eduardo Bolsonaro segue confiante no retorno do pai ao cenário político: “Quando Lula estava preso, ninguém achava que ele voltaria. Mas ele voltou. Acho que há uma saída para Bolsonaro também.”