De 2019 a 2023, o Brasil registrou um aumento de 23,6% no número de médicos, chegando a 502,6 mil profissionais em atividade, segundo dados divulgados pelo IBGE na Síntese de Indicadores Sociais 2024. Mas o destaque do período foi o crescimento ainda mais expressivo no número de enfermeiros, que subiu 39,2%, totalizando 363,1 mil. O período analisado inclui a pandemia de covid-19, que impulsionou mudanças significativas no setor de saúde.
Crescimento no mercado privado e no SUS
O levantamento aponta que o aumento no número de médicos foi mais intenso na rede privada, com um avanço de 29,7%, enquanto a saúde pública viu um incremento de 21,2%. Esse crescimento na atuação privada reflete uma preferência de muitos profissionais pelo mercado não-SUS, segundo Clician do Couto Oliveira, analista do IBGE envolvida no estudo.
Por outro lado, a pandemia trouxe um aumento significativo na infraestrutura hospitalar. O número de leitos complementares — como UTIs e unidades de isolamento — subiu de 59,1 mil em janeiro de 2020 para 76,9 mil em julho de 2022, um salto de mais de 30%. A quantidade de tomógrafos também cresceu, passando de 2,3 por 100 mil habitantes em 2019 para 3 por 100 mil em 2023.
Desafios: desigualdade e alta nas taxas de óbitos
Apesar dos avanços, a distribuição de recursos permanece desigual. O Distrito Federal, por exemplo, que já liderava em tomógrafos por habitante, ampliou ainda mais a vantagem, enquanto outras regiões seguem defasadas.
No mesmo período, as taxas de óbitos no Brasil aumentaram 8,4%, atingindo 1,46 milhão de mortes em 2023. Entre as causas principais estão o câncer (17% do total) e doenças do coração. A covid-19, mesmo após o fim da emergência sanitária, ainda contribuiu com mais de 10 mil mortes no último ano.
Além disso, os dados apontam disparidades raciais: jovens pretos e pardos são 2,7 vezes mais afetados por mortes até os 44 anos em comparação com brancos, com destaque para mortes violentas entre homens jovens de comunidades mais vulneráveis.
Perspectivas
Os números refletem os impactos da pandemia, mas também indicam mudanças estruturais no sistema de saúde brasileiro. Enquanto o crescimento no número de profissionais é um alívio, as desigualdades regionais e sociais permanecem como grandes desafios para as próximas décadas.
Fonte: Agência Brasil Imagem: Divulgação Canva