A recente vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e a alta do dólar, que já chega a R$ 5,78, colocam pressão sobre o governo brasileiro para reavaliar os gastos públicos, segundo fontes internas. No entanto, a decisão de corte só será tomada quando o presidente Lula estiver convencido da necessidade de ação. E, ao que tudo indica, duas áreas são consideradas intocáveis: a Educação e o salário mínimo, elementos que são bandeiras históricas da gestão Lula e fundamentais para sua popularidade.
Blindagem de prioridades: Educação e salário mínimo O governo já sinalizou que os gastos com educação e o reajuste real do salário mínimo serão preservados na proposta orçamentária encaminhada ao Congresso. Para Lula, essas áreas são essenciais e blindá-las dos cortes reduz potenciais danos à sua popularidade. Segundo a equipe econômica, a blindagem visa manter a confiança do eleitorado, especialmente em regiões como o Norte e Nordeste, onde esses temas são amplamente valorizados.
Sugestões econômicas em discussão Em meio aos debates, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, apresentaram sugestões para controlar as despesas. Entre elas, está a desindexação do salário mínimo das aposentadorias e outros benefícios previdenciários, ideia que ecoa uma proposta do economista Bráulio Borges, que argumenta que o ajuste nas contas públicas passa por revisar a correção automática desses benefícios.
A equipe também propôs revisar os mínimos constitucionais de saúde e educação, mas Lula já manifestou que não vê essas áreas como despesas sujeitas a cortes. Para o presidente, saúde e educação são investimentos estratégicos e não podem ser tratados como gastos comuns.
Popularidade e eleições como fator decisivo Para Lula, a manutenção de certos benefícios tem peso político, especialmente com a proximidade de 2026. Ele avalia que qualquer mudança brusca nos programas sociais pode afetar seu apoio popular, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde os programas de apoio social desempenham papel crucial. Essa preocupação é compartilhada por sua base política, que vê no fortalecimento dessas áreas uma estratégia para manter o eleitorado.
Resposta ao mercado e estabilidade fiscal A equipe econômica acredita que, com o dólar em alta e a inflação persistente, o governo precisa dar sinais ao mercado de que está comprometido com o controle fiscal. Medidas bem estruturadas e a aprovação pelo Congresso em 2025 poderiam, segundo eles, ajudar a baixar o dólar e conter a inflação, criando um ambiente propício para a queda da taxa de juros.
Para que o Brasil recupere o selo de bom pagador e retome o crescimento sustentado, a equipe econômica defende a implementação de um pacote de ajuste fiscal robusto e gradual. Essa abordagem é vista como essencial para atrair investimentos e criar uma base econômica estável para o país nos próximos anos.
Desafios políticos e de timing A ala política do governo, no entanto, levanta preocupações quanto ao momento de enviar as propostas ao Congresso. Embora o país apresente índices de crescimento econômico e geração de empregos, a popularidade de Lula ainda enfrenta desafios. Com isso, o timing das ações será decisivo para equilibrar as demandas econômicas e a receptividade política de medidas que, mesmo necessárias, podem enfrentar resistência popular.
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