Atingir a meta de manter o aquecimento global em até 1,5ºC ainda é possível, mas exige reduções drásticas nas emissões de gases do efeito estufa até 2030 e 2035, segundo o novo Relatório sobre Lacuna de Emissões 2024, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
A pesquisa destaca que, se os países continuarem com suas políticas atuais, o planeta pode se aquecer até 3,1ºC até o final deste século. E há até 10% de chance de esse número superar 3,6ºC, o que pode desencadear desastres climáticos mais intensos.
A Meta dos 1,5ºC Ainda Está ao Alcance?
O relatório ressalta que os compromissos firmados no Acordo de Paris não estão sendo cumpridos conforme o planejado. Mesmo se todas as metas fossem alcançadas até 2030, a temperatura ainda subiria cerca de 2,6ºC. Sem mudanças urgentes, o mundo está a caminho de um aumento de 3,1°C.
Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, é essencial que as próximas rodadas de negociação, que ocorrerão durante a COP29 em novembro, avancem de maneira decisiva. “Não há mais tempo a perder. Precisamos fechar a lacuna entre ambição, implementação e financiamento,” enfatizou Guterres.
Cortes e Tecnologias para Evitar o Pior
Para manter o aquecimento abaixo de 2ºC, seria necessário cortar as emissões em 28% até 2030 e 37% até 2035, com base em novos parâmetros que adotam 2019 como referência. Entre as soluções propostas, destacam-se:
- Energia solar e eólica: A adoção pode cortar 27% das emissões até 2030.
- Gestão florestal: Redução do desmatamento e aumento do reflorestamento podem diminuir emissões em até 20% até 2035.
O documento também alerta que, em 2023, as emissões globais atingiram um recorde preocupante de 57,1 gigatoneladas de CO₂ equivalente.
O Preço da Inação
Além do impacto ambiental, o relatório estima que o custo para alcançar emissões líquidas zero até 2050 pode chegar a até US$ 2,1 trilhões por ano. No entanto, os especialistas afirmam que esse valor é viável considerando a economia global, que movimenta cerca de US$ 110 trilhões.
“Emissões recordes trazem temperaturas recordes e desastres naturais mais severos. Cidades viram saunas, florestas se tornam pólvora, e inundações se tornam comuns,” alertou Guterres, reforçando a necessidade urgente de ação global.
Fonte: Agência Brasil